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O cristão e a política

1- Uma relação antiga
A política é a ciência da governança de um grupo (Estado) e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses comuns.
Dessa forma, fica claro que, desde a libertação do Egito, o povo escolhido por Deus tinha um representante terreno para guiá-lo conforme os interesses divinos. Iniciou-se com Moisés, elo entre o governo teocrático e o povo, que tinha como objetivo garantir o bem-estar de todos mediante a obediência aos mandamentos divinos. Moisés passou essa responsabilidade a Josué, sendo este sucedido por Juízes que realizaram esse papel com eficiência, buscando sempre o melhor para o povo, mediante os planos de Deus.
Mais adiante, o povo de Israel, observando o regime adotado pelas demais nações, chegou à conclusão de que um “simples representante” do governo, até então teocrático, não era mais suficiente. Eles queriam um Rei que pudessem ver, servir e seguir, e assim inicia-se a era da monarquia, que deveria ser submissa aos mandamentos divinos, mas que de certa forma daria poder às pessoas. E vieram os reis: Saul, Davi, Salomão, e  outros mais.  Infelizmente, poucos observaram os mandamentos e foram bem sucedidos, porém, a maioria dos reis decepcionaram e trouxeram a ira divina para todo o país de Israel. O culto a outras divindades e o crescimento das desigualdades e injustiça trouxeram consequências graves, tais como: o exílio, a  destruição do país, a perda da tão sonhada ‘Terra Prometida’ e da proteção divina. Um governo ruim significaria sofrimento ao povo.
Mais tarde, Jesus e os apóstolos deixaram extremamente claro em seus ensinamentos que governo e igreja são instituições diferentes e que devem ser respeitadas, pois, de alguma forma, foram concebidos com a permissão de Deus. O governo, então, deve garantir a dignidade às pessoas; enquanto o papel da igreja está em anunciar um evangelho que é contra a injustiça e a desigualdade. Os primeiros cristãos não somente pregavam, como também viviam esse estilo de vida, amando ao próximo e repartido entre si suas posses. Essas atitudes, tão contrárias ao modelo de governo romano, desagradaram ao império e culminou numa forte perseguição à igreja primitiva.
Entretanto, vendo que a perseguição não estava trazendo resultados, Roma decidiu então unir-se à “religião que mais crescia”, fazendo desta a crença oficial do Império e, em nome dessa união, pudessem crescer juntos - não necessariamente de uma forma saudável, mas a verdade é que Igreja e Estado caminharam juntos por muitos anos.


2- A corrupção humana
O Brasil contemporâneo possui um sistema democrático, no qual a população elege seus representantes e estes tem como dever servirem ao povo, trabalhando com o objetivo de minimizar as desigualdades e injustiças, proporcionando dignidade e qualidade de vida a todos.
Entretanto, teoria e realidade se mostram bem diferentes. Os governantes e políticos do nosso país caíram em descrédito, mediante a quantidade absurda de escândalos e promessas feitas durante o processo eleitoral que não foram cumpridas. Além disso, a desigualdade social cresce cada dia mais; condições básicas de saúde, educação, abastecimento, habitação e segurança não são respeitadas e os recursos destinados a essas áreas simplesmente “desaparece” ou acaba direcionado a outras “prioridades” - prejudicando principalmente os mais necessitados.
Mas por que esses políticos se mantêm no poder? Por que aqueles que passam três dos quatro anos de mandato “escondidos” e reaparecem nas eleições acabam por convencer as pessoas que merecem mais uma chance? Porque ainda estamos sendo coniventes com esse cenário? A igreja pode fazer algo para mudar essa situação? Qual seria o nosso papel diante de tanta corrupção, desigualdades e injustiça? Vejamos a seguir.
3- Como fazer a diferença?


Usar com sabedoria e consciência o direito do voto: Como cidadãos, devemos procurar sempre um melhor esclarecimento nessa área tão importante. Conhecer e estudar o programa político e histórico dos partidos e candidatos é fundamental para uma boa escolha. Políticos que usaram seu mandato para desviar os recursos públicos ou qualquer outro ato ilícito devem ter nosso repúdio e não nosso apoio. Como cristãos, não devemos aceitar que o púlpito das nossas igrejas seja transformado em “palanque eleitoreiro”, mas este deve ser um lugar de orientação (nunca coação) a todos. Os cristãos devem fazer oposição a qualquer ideia que não esteja em concordância com a mensagem do evangelho, fundamentada no amor a Deus e ao próximo. O uso correto do direito ao voto possibilita melhores resultados, desta forma, devemos estar muito bem preparados.
Monitorar o cumprimento do que foi prometido durante a campanha e governo: Além da importância do voto consciente, os cristãos também devem acompanhar os governantes em seus mandatos. Como cidadãos, devemos monitorar o cumprimento do que fora prometido durante a campanha política, garantindo o bem-estar das pessoas em todas as áreas, pois o governante foi eleito para servir ao povo. De nada adianta analisarmos os candidatos se não acompanharmos a evolução daqueles que se elegeram. Devemos exercer na prática o conceito de participação cidadã e cristã, denunciando e questionando o errado e sendo grato pelo certo.
Orar por todos os nossos governantes e eleitores: Por fim, como cristãos devemos fazer uso da oração em momentos tão delicados como o que vivemos atualmente. Oração pelos políticos, para que sejam idôneos no cumprimento das suas atribuições. Oração pela justiça, que não haja impunidade aos que desonrarem seus postos. E oração pelos eleitores, que exerçam o seu direito pensando no bem-estar e dignidade de todos. Que sejamos unanimes nas escolhas e que essas possam nos conduzir a dias mais calmos e justos, que a misericórdia de Deus nos acompanhe e nos ajude!


Fontes Bibliográficas
CAVALCANTI, Robinson. A IGREJA, O PAÍS E O MUNDO – Desafios a uma fé engajada. Viçosa/MG, Ultimato, 2000.
SAGRADA, Biblia. Nova Versão Internacional.
SIGNIFICADO DE POLITICA. Portal Significados.com (visitado em 07/03/16) em http://www.significados.com.br/politica/
UMA REFLEXÃO SOBRE O CRISTÃO E A POLITICA. Portal Palavra da Verdade (visitado em 07/03/16) em http://hernandesdiaslopes.com.br/2014/10/uma-reflexao-sobre-o-cristao-e-a-politica/#.Vt3TAPkrKM8

João Paulo de Almeida Silva João Paulo de Almeida Silva Author Bacharel em Teologia (formado no ano de 2015 na Faculdade Teológica Batista de São Paulo). Membro da Igreja Evangélica Batista em Perdizes desde 2014.

2 comentários :

  1. Gostei, mas entendo que a classe politica que diz nos representar, não faz parte daqueles que de fato interage com a realidade do nosso estado democrático de direito, buscam seus benefícios individuais e não o bem estar do próximo, aproveitam da ignorância das pessoas persuadindo - lhes a consciência e apresentando algo fictício. Não dá para compreender vejo a igreja de Cristo seguindo seu martírio, por isso encontro vários dilemas da vida que não há reposta em lugar algum, quem sabe um dia encontraremos algo que justifique tantas coisas sem explicação. Deus use da sua misericórdia para conosco!

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    1. Boa noite!

      Realmente, vivemos em tempos de dificuldades em relação a politica do nosso país e o nosso papel é começar a fazer a diferença nesse cenário também.

      Como o texto apresentado, devemos estudar a política e ser idôneo no momento de exercermos o direito de escolher nossos governantes. Devemos monitorar e cobrar junto as autoridades que realizem o trabalho pelo qual foram eleitas. E, não obstante, devemos pedir a Deus pela nossa nação, para que possamos ter dias melhores e um futuro de esperança.

      Que Deus vos abençoe!

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